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Deputada questiona base de sua condenação, critica julgamento virtual e diz: “Isso não é prova cabal de que eu tenha participado”. Primeira Turma formou maioria para condená-la a mais de 10 anos de prisão além de multa, perda do mandato e suspensão dos direitos políticos
Um dia após a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formar maioria para condená-la, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) realizou um pronunciamento à imprensa na noite de quinta-feira (15 de maio de 2025). Na fala, transmitida ao vivo e posteriormente disponibilizada em suas redes sociais, a parlamentar, visivelmente emocionada, buscou conforto em sua fé e contestou veementemente a decisão, assegurando que sua defesa utilizará todos os recursos legais. “Deus tá me dando força e tá me mantendo de pé,” afirmou Zambelli no início de sua declaração sobre sua resiliência pessoal.
A maioria pela condenação de Zambelli (4 votos a 1) foi consolidada na quarta-feira (14 de maio de 2025), durante julgamento em plenário virtual referente ao episódio de outubro de 2022, quando a deputada perseguiu um homem armada em São Paulo. A pena proposta ultrapassa 10 anos de reclusão, além do pagamento de multa, da perda do mandato parlamentar e da suspensão dos direitos políticos (inelegibilidade) por oito anos após o cumprimento da pena. O julgamento virtual foi formalmente encerrado na sexta-feira (16).
Reagindo à decisão desfavorável sobre o caso da perseguição armada, Zambelli questionou a evidência central que levou à sua sentença: “Como é que a única prova para me acusar a 10 anos de cadeia tenha sido um documento pós-fato, não antes do fato, mas pós o fato, de um documento que várias pessoas tinham em seus celulares? Então, isso não é uma prova cabal de que eu tenha participado,” declarou. Ela também criticou a acusação de porte ilegal de arma, um dos crimes pelos quais foi condenada: “A tese do porte ilegal é fraca, porque eu tinha porte federal.” A deputada garantiu que a batalha judicial continua: “Então, o processo ainda não acabou, ainda há vários recursos que podem ser feitos.”
Em diversos momentos do pronunciamento, Zambelli recorreu à sua crença para contextualizar a situação e encontrar forças: “Esse não é um momento triste pra mim, é um momento de esperança, é um momento de fé. E são os momentos mais difíceis que a gente vê nas passagens bíblicas, que as pessoas tiveram que mostrar sua verdadeira fé. Aquela fé que excede todo entendimento. A fé que não entende, que não traduz o que tá acontecendo, que às vezes pergunta pra Deus, Deus, o que tá acontecendo comigo? Principalmente quando você é tomado por injustiça, mas essa fé, ela permanece com esperança, com alegria e com confiança em Deus,” disse a deputada. Ela também compartilhou sua experiência pessoal de estar atravessando um momento de superação após um período de grande depressão, onde sua fé a sustenta, afirmando: “Deus tá me dando força e tá me mantendo de pé.”
A deputada também se defendeu longamente das acusações relacionadas ao hacker Walter Delgatti Neto, tema de outro inquérito no STF. Afirmou que Delgatti é um “mitômano” que apresentou múltiplas versões contraditórias e que ela não tem “nenhuma relação com esse caso” (referindo-se à invasão do CNJ).
Seu advogado, Daniel Leon Bialski, que também participou da coletiva, criticou duramente o rito do julgamento virtual no STF, classificando-o como “absolutamente inaceitável, do ponto de vista da defesa” e um “cerceamento de defesa”, pois teria impedido a devida sustentação oral e o contraditório direto com os ministros.
Zambelli ainda abordou seus problemas de saúde, incluindo uma síndrome rara e depressão, mas reafirmou sua determinação: “Mas eu quero dizer pra vocês que isso não vai me fazer esmorecer. Eu tenho um plano de voo pra continuar trabalhando.”
A defesa da deputada informou que irá recorrer da decisão da Primeira Turma. O caso continua a gerar intensa repercussão no cenário político e jurídico nacional.
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