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Vítima teria se recusado a pagar uma taxa ilegal cobrada por milicianos da região e foi resgatado na comunidade da Covanca


Um comerciante foi sequestrado, nesta terça-feira (25), na Rua Araticum, no bairro do Anil, na Zona Oeste do Rio. A região ficou conhecida como ‘Rua da Morte’ e tem sofrido com uma rotina de violência, por conta da guerra pelo controle do território, que já provocou 15 mortes, somente este ano. Segundo relatos, a vítima teria sido levada por milicianos, após se recusar a pagar uma taxa ilegal cobrada dos lojistas do local.


De acordo com a Polícia Militar, o 18º BPM (Jacarepaguá) foi acionado para uma ocorrência de sequestro e informado que a vítima havia sido levada pelos criminosos para a Cidade de Deus, na Zona Oeste. As equipes realizaram buscas e encontraram o comerciante na comunidade da Covanca, em Jacarepaguá, na mesma região. No local, o veículo utilizado no crime foi apreendido. A ocorrência foi apresentada na 32ª DP (Taquara) e encaminhada para a Delegacia Antissequestro (DAS), que investiga o caso.
A Polícia Militar ressaltou, em nota, que “vem empreendendo uma série de ações para neutralizar os efeitos da disputa territorial entre facções rivais e garantir a segurança dos cidadãos” e que “são desencadeadas ações planejadas diariamente para varredura e checagem de denúncias, principalmente na região de mata”, que contam com veículos blindados e agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope).
A PM disse ainda que, de janeiro a maio de 2023, ocorreram mais de 500 prisões na área de policiamento do 18ºBPM, região onde no primeiro trimestre foram inaugurados dois módulos do programa Bairro Presente, em Vila Valqueire e na Freguesia, além das instalações de uma Companhia Destacada do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq), na Gardênia Azul, e uma cabine blindada, na comunidade do Tirol. A base de Rio das Pedras também funciona desde 24 de março, com equipes atuando diuturnamente no patrulhamento, segundo a corporação.
Rua da Morte
A Rua Araticum ficou conhecida como ‘Rua da Morte’, por conta dos homicídios que têm ocorrido com frequência na via. Entre fevereiro e julho deste ano, foram registrados 15. A área foi conflagrada pela guerra entre traficantes do Comando Vermelho e milicianos, que querem controlar comunidades do Rio de Janeiro e expandir suas atividades ilegais. Em algumas áreas, os paramilitares atuam aliados à criminosos do Terceiro Comando Puro.
O primeiro caso na Rua Araticum ocorreu em 28 de fevereiro, quando quatro pessoas foram assassinadas durante um tiroteio. Os milicianos Eriberto José de Arruda, Jorge Fernando Lima Alexandre Rocha, Givaldo Tavares de Oliveira e Hélio de Paula Ferreira foram executados em uma padaria e, segundo as investigações, a influência dos dois últimos, conhecidos como Paulinho Banguela e Senhor das Armas, teria motivado o atentado.
No dia 7 de março, Luiz Rodolfo de Oliveira José, de 28 anos, morreu e outras três mulheres ficaram feridas, depois que criminosos em uma motocicleta atiraram contra o salão de beleza onde eles estavam e fugiram em seguida. No dia seguinte ao ataque, quatro suspeitos morreram na via, durante uma troca de tiros com policiais militares, em uma operação para coibir a guerra na região.
No dia 13 daquele mês, Wilame Feitosa Rodrigues foi assassinado a tiros no local. Já na noite do dia 24 de março, Ailton Pereira de Oliveira, de 18 anos, foi encontrado morto, no mesmo endereço, logo após disparos serem ouvidos. No dia 29, Ademilson Lana dos Santos, de 34 anos, também foi localizado sem vida e com marcas de tiros, na Rua Araticum.
Em 14 de abril, o mototaxista Guilherme Mota Ribeiro, de 24 anos, foi assassinado. Segundo testemunhas, milicianos foram a um ponto de mototáxi na via e fizeram uma reunião, que resultou na morte do jovem. No dia anterior ao crime, outra pessoa, não identificada, já havia sido morta na região. Já o caso mais recente aconteceu em 18 de julho, quando uma pessoa, não identificada, foi encontrada sem a cabeça e com mãos e pés amarrados.
A Zona Oeste viveu sob forte influência de milicianos durante anos, mas, recentemente, traficantes têm tentado invadir as comunidades da região. Além de no Anil, a disputa entre os criminosos rivais também acontece na Cidade de Deus, Gardênia Azul, Muzema, Itanhangá, Tirol, Rio das Pedras, Complexo da Covanca e Praça Seca. Na Zona Norte, o conflito ainda ocorre nos Morros do Fubá e Campinho.

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Jornal do Rio de Janeiro

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